Future Nostalgia: o algodão da Bahia como uma futura nostalgia
Por: Hugo Martins
Fazenda Santo Antônio – Foto: Reprodução/Hugo Martins
Que o
algodão baiano tem uma história rica, todo mundo pode até saber. Porém, todo
ser humano deveria ter a oportunidade de visitar os campos dessa fibra no oeste
do Estado. Aqueles que se estendem até onde os olhos podem ver, sabe? É como se
fosse enxergar um mar ou uma linda paisagem. No fim, chega a ser mais do que
uma cultura agrícola, é, de fato, uma fonte de futura nostalgia.
Da
resistência da fibra até uma variedade de produção, o cotton da Bahia é conhecido por ter selo de qualidade para a
indústria têxtil. Este feito é fruto do trabalho da Associação Baiana de
Produtores de Algodão (ABAPA), que além de ter um viés humano, promove respeito
ao meio ambiente. E é com esse lema que a entidade contribuiu para que a Bahia
se tornasse o segundo maior produtor de algodão do Brasil.
A
associação, que tem unidades em Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e Correntina,
está no ramo há 23 anos, trilhando um caminho enraizado no passado e com um
olhar no futuro. Dia após dia, o trabalho comprometido com o algodão entrega
resultados exponenciais, assegurando empregabilidade e progresso. É tanto que
hoje, ela conseguiu desenvolver o atual maior centro de análise de fibras da
América Latina e a melhor em terras brasileiras.
O
presidente da ABAPA, Luiz Carlos Bergamaschi, destaca que a produção de algodão
é feita para todo mundo e da melhor forma possível. “Nós nos baseamos na
transparência. Nosso algodão é sustentável e rastreado e a opção de consumo é
de todos. A todo tempo, nós estamos promovendo e divulgando para que ele seja
usado”, afirmou.
Conhecimento garantido
O
agronegócio é um ramo que sempre se inova e se reinventa. Para que a população
baiana fique ciente do alcance desta área, é necessário que se fale sobre o
assunto. Um dos caminhos para gerar conhecimento, é através da educação. Levar
a importância do agro, especificamente da cultura do algodão, para as pessoas,
é o que a ABAPA tem feito.
Promovendo
uma visão ‘out of time’ e exercendo o
dever de não deixar ninguém passar impunemente por uma lavoura de algodão,
desde 2019, o Programa Educacional Conhecendo o Agro vem transformando vidas e
fazendo história. De capacitações a visitas técnicas, a iniciativa já passa por
10 municípios, qualificando cerca de 48 mil alunos de mais de 280 escolas.
Fazenda Santo Antônio – Foto: Reprodução/Hugo Martins
Para
conectar pessoas, a ação vem incentivando estudantes da rede pública e privada
do Oeste da Bahia, a considerar carreiras na agricultura e na indústria do
algodão, destacando as oportunidades disponíveis no setor.
Douglas
Fernandes, responsável do Centro de Treinamento e Tecnologia da ABAPA, enfatiza
o quão o programa é importante para a comunidade escolar da região. “Se a gente
não tivesse a segurança de produção de alimentos, que garantisse isso para mim
e para vocês, não estaríamos aqui. É a prova viva de que não faltará alimento
no Brasil e nem no mundo. Por isso, é importante que eles comecem a saber disso
desde cedo”. Ele ainda complementa: “é graças ao produtor rural que se torna
possível fazer todo um trabalho paralelo para a sociedade”.
Além do Conhecendo o Agro, é importante evidenciar o quão significante é ver um professor levar e debater sobre o agronegócio em uma sala de aula. Apenas o fato de abordar sobre a ligação entre sustentabilidade, tecnologia e algodão, pilares muito bem trabalhados e executados pela associação, já promove um grande avanço para a educação baiana. Por que não defender o algodão da Bahia como um símbolo da tradição e da persistência? Afinal, é a nossa herança que passa de geração em geração.
Reconhecimento e Validação
O
ciclo do algodão no campo, dura em média, 180 dias. Depois que colhido, ele é
aproveitado, seja como tecido, óleo, combustível e outras utilidades. E para
obter um sucesso e ter um bom beneficiamento de uma safra, é necessário
trabalhar arduamente. Ter mão de obra, funcionários qualificados, empresas
parceiras, foco e responsabilidade são ferramentas fundamentais. São justamente
esses fatores dos quais a Associação Baiana de Produtores de Algodão vem
utilizando e assim, obtendo reconhecimento.
De
todos os funcionários, 42% são mulheres que fazem parte do ‘corpo’ da ABAPA.
Alessandra Zanotto, vice-presidente e diretora da entidade, foi uma das 40
mulheres convocadas pela Forbes Brasil para ser uma das integrantes da FMA
(ForbesMulher Agro). O grupo funciona como uma rede de apoio, onde as
participantes compartilham os desafios de como é ser uma mulher do agro. Ela
também é a dona da Zanotto Cotton, indústria algodoeira de beneficiamento que
tem parceria com a ABAPA. Zanotto ainda foi convocada para ser uma das
conselheiras da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA), sendo
a única mulher presente.
Da esquerda para direita: Alessandra
Zanotto, Fernanda Zanotto e Leandro Moreira – Foto: Reprodução/Hugo Martins
Apesar de ser “filha da terra”, como ela se auto intitula, Alessandra diz que o caminho não foi fácil para ser reconhecida. “Cada vez que eu mergulho ainda mais no ramo do agronegócio, que eu conheço mais pessoas, que eu participo de mais redes e comunidades, eu vejo que o preconceito não está sanado. Nós temos um longo caminho pela frente. Mas, vale a pena. Posso afirmar que vale a pena continuar lutando não só por isso, mas principalmente por aquilo que a gente acredita”, acrescentou.
Outra
empresa parceira da associação é a Franciosi. Composta por mais de 1000
colaboradores, desde 1986, o grupo vem entregando alta produtividade no cultivo
de soja e algodão. Na última safra 2021/2022, por exemplo, foram mais de 7,7
milhões de algodões colhidos.
A
Franciosi é uma referência agro em todo o país. Em 2019, a empresa foi
considerada, também pela Forbes Brasil, como uma das 100 maiores do ramo
brasileiro. Ana Paula Franciosi, dona da instituição, defende o slogan “o
desenvolvimento é a nossa missão” e como essa validação da Forbes mudou a visão
da empresa:
“É
naquele sentido de te dá um susto, sabe? Você tá aqui no dia a dia,
trabalhando, a rotina te pega, e você não para pra pensar que você é grande. A
gente não fica imaginando isso, simplesmente chegamos aqui e trabalhamos.
Quando acontece esse tipo de coisa, a gente para pra pensar ‘caramba, nós temos
muita responsabilidade’. E através desse reconhecimento que vem mais vontade de
trabalhar, de investir bem e com qualidade. É como se fosse pra nos lembrar e ficarmos
atentos de que estamos no caminho certo.”
Persistência
é a palavra chave para ter um futuro promissor. Essas duas empresas têm duas
mulheres a frente, que herdaram um trabalho construído por seus respectivos
pais. É como se elas vivessem uma constante nostalgia, mas com uma visão além
do tempo. Ter a ABAPA vinculada, unindo forças e propósitos parecidos,
certificam de que o algodão do oeste da Bahia é um tesouro.
Vitória nossa
Indústria de Beneficiamento Zanotto Cotton
– Foto: Reprodução/Hugo Martins
Todo ano, na região oeste, a safra de algodão acontece entre maio e setembro. Com várias linhagens e modificações, a fibra colhida tem diferentes tamanhos de pluma. Toda forma que o algodão é utilizado, é válida e tem um mercado proposto. O produtor de algodão se torna vitorioso, após ver seu esforço e dedicação tendo um destino.
Porém,
não foi fácil chegar neste lugar. O motivo? As pragas. O famoso
bicudo-do-algodoeiro trouxe muitas consequências para a cotonicultura
brasileira e, consequentemente, baiana. Antônio Carlos Araújo é técnico
agropecuário e coordenador do Programa
de Monitoramento e Controle do Bicudo e Outras Pragas do Algodoeiro da
ABAPA. Ele afirma que a tecnologia é uma grande aliada para que a produção do
algodão aconteça sem interferências:
“Hoje,
os produtores de algodão daqui estão tecnificados. As tecnologias têm ajudado
muito bem para que eles consigam fazer essa sustentabilidade em relação ao
manejo do solo. Eles procuram manejar mecanicamente o mínimo possível. Quando
utilizam também nas lavouras, eles usufruem muito da cultura do biológico,
muito menos do que o químico. Tudo isso contribui para que tenhamos a
sustentabilidade como carro-chefe no cuidado com o solo”.
A
ABAPA tem ensinado e promovido em como a fusão desses vários elementos
positivos utilizados na produção dessa fibra, vem a incentivar para que as
futuras gerações também possam compartilhar dessa dádiva da terra. A vitória do
algodão no Oeste da Bahia deve ser uma celebração de toda a comunidade. Afinal,
o win é nosso.
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