Com boas
práticas agrícolas, Safra de algodão cresce 6% na Bahia
Foto: Davi Valadares Santos Júnior
Desenvolvida
a partir de boas práticas agrícolas – com base no conhecimento científico,
técnicas de manejo conservacionista e uso de tecnologia de ponta –, a produção
de algodão no Oeste da Bahia deve fechar o ano com números superiores ao ano
passado. Segundo projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), a safra de algodão prevista para este ano em toda Bahia será em torno
de 1.349.109 toneladas, 6,4% acima da colhida em 2021 (que foi de 1.268.000
toneladas).
Conforme
a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), que também projetou uma
safra acima de 1,3 milhão de toneladas para este ano, a maior parte dessa
produção (mais de 92%) advém da cotonicultura do Oeste baiano. A região,
composta pelos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras, Formosa do Rio
Preto, Riachão das Neves, São Desidério, Correntina, Jaborandi, Cocos e
Baianópolis é o principal polo de algodão do Estado e desde que despontou nos
anos 80 no cenário nacional como uma nova fronteira agrícola do país vem mantendo
uma estrutura tecnificada, bastante moderna e sustentável.
A região
tem ano após ano alcançado melhores patamares de produção e produtividade,
colocando a Bahia como segundo maior produtor de fibra do Brasil. “A Bahia tem
a segunda maior produção do país, perdendo apenas para a de Mato Grosso. Ou
seja, nós temos um potencial muito grande de produção de algodão”, disse o
ex-presidente da Abapa e atual presidente da Associação Brasileira dos
Produtores de Algodão (Abrapa), Júlio Cézar Busato.
No mercado,
a demanda pelo algodão tem aumentado constantemente desde a década de 1950, a
uma taxa média anual acima de 2%. Esse crescimento, segundo produtores ouvidos
durante os três dias de visita a região Oeste, a convite da Associação Baiana
dos Produtores de Algodão (Abapa), é satisfatório e tem sido atendido e
suportado pelo aumento na produtividade e na qualidade da produção ao longo
desses anos.
“A Bahia
tem o maior índice de produtividade do Brasil. Nosso país é o quarto maior
produtor do mundo e o segundo maior exportador. Em um curto período seremos o
primeiro maior exportador do mundo e a Bahia terá uma contribuição muito grande
para alcançarmos esse feito”, pontuou Busato, que além de ser o porta-voz dos
produtores de algodão é também um dos grandes produtores da região Oeste da
Bahia.
Caroço
& pluma
Segundo
relatório da Abapa, o Valor Bruto da Produção (VBP) do algodão na região Oeste
da Bahia para a safra 2021/22 foi de R$ 9,4 bilhões. Isso foi o suficiente para
a produção de 1.274.571 toneladas em algodão em caroço (produto que ainda não
foi beneficiado) e 522.574 toneladas em pluma (produto resultante da operação
de beneficiamento). O caroço representa aproximadamente 61% do peso do algodão,
e a pluma cerca de 39% o peso do algodão.
“A grande
aptidão da nossa região é a agricultura. Desde o final dos anos de 1990, o
algodão que abastece a Indústria brasileira e internacional vem aqui da região
Oeste do Estado. Esta região é caracterizada pelo bioma de cerrado, com
topografia plana, que permite a mecanização em todas as etapas da produção.
Nosso algodão é bem manejado e temos muita pouca ocorrência de pragas”,
destacou o engenheiro agrônomo e coordenador fitossanitário da Abapa, Antônio
Carlos Araújo.
Este ano,
o Brasil deve produzir 6.3 milhões de toneladas de algodão em caroço e 2,6
milhões de toneladas de algodão em pluma. O algodão em caroço é destinado entre
outras coisas para produção de óleo comestível e margarinas, mistura para
rações animais e adubos. O línter, extraído do caroço, também é base do algodão
farmacêutico, notas de dinheiro e fabricação de telas de celulares e
computadores. Já o algodão em pluma é destinado para a indústria têxtil. O
consumo das indústrias têxteis nacionais é de 740 mil toneladas por ano. Todo o
excedente é exportado para a Ásia (China, Coreia do Sul, Vietnã, Turquia,
Paquistão, Indonésia e Tailândia).
Fibra de
qualidade
Além da
quantidade produzida com bases sustentáveis (92% do algodão cresce com a água
da chuva), o algodão produzido na região Oeste da Bahia e em todo Brasil é
também um algodão de bastante qualidade. 84% da produção brasileira de algodão
tem a certificação do Programa Brasileiro Responsável (ABR) e 84% é licenciada
pela Better Cotton Initiative (BCI).
“O
algodão Brasileiro tem quantidade, pois somos o quarto maior produtor do mundo;
qualidade, porque temos o Laboratório da ABAPA que é o maior laboratório de
fibra da América Latina e a testa a qualidade do nosso algodão; e temos ainda
rastreabilidade, pois nós sabemos onde cada fardo foi produzido por meio do
selo Sou de Algodão Brasileiro Responsável (SouABR)”, frisou Busato.
Safra
2023
O
presidente da Abapa, Luis Carlos Bergamaschi, projetou que para a nova safra
2022/2023 a Bahia deva ter uma produção um pouco maior que a safra deste ano. A
expectativa é que sejam colhidas mais de 600 toneladas só de algodão em pluma.
“A colheita deste ano foi uma colheita rápida, mas para a próxima safra
projetamos um pequeno acréscimo. Nossa estimativa é de uma safra de 590 a 600
mil toneladas”, projetou ao lembrar que o algodão produzido no Oeste
baiano é utilizado para confecção de roupas e ainda serve como matéria-prima
para produção de óleos de cozinha, produtos de higiene e beleza, dentre tantas
outras utilidades.
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