AO INFINITO
E ALÉM
O
crescimento da cotonicultura aquece a economia baiana
Por: Fabielle dos Reis Nascimento
O “ouro”
garimpado em terras baianas Foto: Fabielle Nascimento
O oeste baiano firmou-se como
uma referência no agronegócio, principalmente no ramo da cotonicultura – que
corresponde ao cultivo do algodão, contribuindo para que o estado da Bahia seja
o segundo maior produtor de algodão no Brasil.
A produção de algodão na
Bahia iniciou por volta de 1860, quando a Inglaterra que enfrentava a Revolução
Industrial precisava de matéria prima afim de manter o ramo têxtil do país,
nesse momento vários estados brasileiros, inclusive a Bahia começou cultivar a
fibra.
Todo esse sucesso relaciona-se
também às condições geográficas. A predominância do bioma cerrado,
caracterizado pelas terras planas e clima bem definido com épocas de chuva e
seca, tornaram o Oeste da Bahia favorável para o cultivo.
Com o crescimento
tecnológico, o cultivo do algodão modernizou-se afim de produzir fibras de
melhor qualidade. “O algodão baiano é sucesso por dois fatores: primeiro pela
persistência dos agricultores, a organização que eles têm em suas associações e
segundo pela tecnologia que foi desenvolvida ao longo de mais de 20 anos.”
declarou Júlio Cézar Busato, Presidente da Associação Brasileira de Produtores
de Algodão(Abrapa).
A inserção da tecnologia no
agronegócio fez com que a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa)
criasse em 2010 o Centro de Treinamento e Tecnologia, para formar profissionais
qualificados na área da agricultura no qual já foram oferecidos mais de 2,2 mil
treinamentos de conhecimento prático capacitando aproximadamente, 51 mil
pessoas. De acordo com Martin Nascimento, gerente de operações do Grupo Ceolin,
hoje o “agro” não consegue sair sem tecnologia, onde está presente no plantio,
monitoramento, na irrigação através de drones, GPS e aplicativos.
A cultura do algodão
contribui de forma incisiva para a economia do estado e consequentemente do
país. Segundo dados obtidos através do site da Abapa, em 2021 a Bahia exportou
cerca de 356.888 toneladas de algodão, o que equivale a US$ 605.381.721. Apresentando
como principais importadores países asiáticos entre eles China, Turquia,
Bangladesh, Vietnã.
Apesar da soja ser o carro
chefe na região, a fibra de algodão ocupa um lugar de importância. Ainda sob a
perspectiva do fortalecimento da economia, tal fibra também colabora para a
geração de empregos. Segundo Júlio Cézar gera 3 vezes uma receita bruta maior
do que a soja e emprega 5 vezes mais pessoas com bons empregos.
Algodão + Moda
Projeto apoia moda sustentável Foto: Site Loja Mensageiros dos Sonhos
Sou de Algodão, criado em
2016 pela união da Abrapa juntamente com filiais e o Instituto Brasileiro de
Algodão (IBA), no intuito de tornar conhecido o algodão produzido em solo
brasileiro. Alinha todo o processo de produção ao destino final: o consumidor,
fazendo-o conhecer a trajetória da peça até a chegada nos pontos de venda. “Tem
como objetivo principal divulgar o algodão brasileiro e todo ciclo do algodão
desde o plantio até se tornar um produto final seja uma roupa, toalha, seja o
que for” afirmou Alessandra Zanotto, presidente da Icofort.
Para ascender tal projeto no
cenário nacional, lançaram em 2016 no São Paulo Fashion Week uma coleção de
roupas feitas de algodão. Contou com três embaixadores: Martha Medeiros, Paulo
Borges e Alexandre Herchcovith.
Ganhando força ao passar do
tempo, participou de outras edições do SPFW e além disso promoveu no ano de
2018 um concurso aliado a Casa de Criadores destinado aos estudantes de moda.
Objetivando incentivar os iniciantes na área, a moda sustentável, e a presença
do algodão no segmento de alta costura visto que antes era considerado mais
casual, comfy – significa confortável.
A partir daí, a concepção
sobre a fibra mudou. O que anteriormente foi considerado desleixado e informal,
agora se remete a leveza, versatilidade e durabilidade. “Algodão é natural,
está na base da economia circular, é reciclável comparado a outras fibras, é
hipoalergênico, por si só todas essas questões já pesam. Sem contar que o
algodão tem uma relação muito forte com a própria história do país’’ apontou Silmara
Ferraresi, assessora da Presidência da Abrapa
Hoje, o Sou de Algodão tem
parceria com grandes marcas nas quais destacam-se Renner, Dendezeiro e
Shoulder.
Apoio a quem veio
primeiro
A Abapa desenvolve um trabalho dando assistência aos pequenos agricultores através de kits de irrigação. Projetos como esse são de grande relevância, uma vez que apoia os precursores da agricultura no estado, proporcionando condições favoráveis para que tais alcancem com êxito boas colheitas, provendo o sustento para suas famílias.
Agricultores receberam incentivo para continuar. Foto: Abapa
O Sudoeste baiano foi
beneficiado pelo projeto.
As cidades de Brumado, Serra do Ramalho,
Candiba, Guanambi, Urandi entre outras já receberam mais de 300 kits até maio
desse ano.
Chegaram também no Oeste
ajudando agricultores que vivem de outros cultivos: feijão, hortaliças, raízes
e frutas. Já doaram cerca de 80 kits nos municípios de Correntina, São
Desidério e Barreiras.
Comentários
Enviar um comentário