Bicudo do Algodoeiro impede crescimento das safras no oeste da Bahia
Por Saul Gabriel Salomão de Souza

Fotografia Saul Gabriel
São grandes os desafios da cotonicultura moderna. O cenário é altamente competitivo. Há necessidade de se conseguir 50% a mais na produção do algodão, quando se prevê exatamente o oposto disto para 2020, devido principalmente às mudanças climáticas e o aumento expressivo da população do bicudo do algodoeiro. A produção agrícola do oeste da Bahia é conhecida no Brasil e no mundo por exportar toneladas de grãos que abastecem o mercado nacional e internacional. Neste ano o Brasil se tornou o segundo maior exportador do produto no mundo ultrapassando a Índia, no entanto para se tornar uma das maiores potências agrícola é preciso muito esforço, visto que a maior dificuldade enfrentada está relacionada ao controle de pragas.
As dimensões das pragas de algodão são inúmeras e estão pautadas em 1326 espécies de insetos. Em 30 anos o bicudo do algodoeiro se disseminou por várias regiões do país, entre eles o mais afetado foi o estado da Bahia. Os danos causados por pragas são um dos principais fatores que levam à diminuição da produção das principais culturas. A importância do monitoramento de pragas, intensificou o tratamento com inseticidas para prevenir as perdas agrícolas, no entanto os usos desses agentes químicos são tóxicos e afetam também os operários de pulverização. A ABAPA (Associação Baiana dos Produtores de Algodão) desenvolveu o programa fitossanitário que realiza o monitoramento e controle do bicudo e outras pragas do algodoeiro intensificando o crescimento das lavouras com excelência em segurança no oeste do estado.
O engenheiro agrônomo, técnico do programa fitossanitário (ABAPA), Otacílio Junior Barbosa Pimentel, indica a instalação de armadilhas com feromônios, e ressalta que todos os produtos químicos possuem dosagem recomendada pelo fabricante.
Segundo Pimentel, o bicudo deve ser considerado como praga chave no planejamento e controle dos insetos do algodoeiro. O controle químico e biológico está sendo cada vez mais usado, e a aplicação é feita de forma terrestre com pulverizadores ou aéreas com aviões, declarou.
O programa fitossanitário realiza no início e no final o armadilhamento em toda a região oeste e sudoeste a fim de contabilizar os níveis de bicudo durante a entressafra preparando os produtores para a safra subsequente.
Edelson Menezes, assistente técnico do programa enfatiza a intensidade do ataque das pragas e os danos causados em faixas que chegam a 150m sendo capazes de destruir de 80 até 100 por cento das estruturas reprodutivas.
“ O bicudo chama a atenção pelo seu poder de destruição e os custos das lavouras elevam por causa das aplicações que aumentam a cada ano”, orientou.
“ O uso dos inseticidas traz a eficiência do controle. Entre eles estão: Fipronil 800, Clorpirifós, Marshal Star, Malathion e Paracap ”, afirmou.
O êxito da agricultura moderna é devido, em parte, à utilização dos produtos químicos no controle das pragas. No presente se sabe que o grande aumento da produção agrícola não teria sido possível sem a contribuição destes inseticidas naturais e sintéticos.
De acordo com Júlio Cesar Busato, Presidente da Abapa é indispensável o uso de defensivos agrícolas, pois não tem como controlar a infestação do bicudo do algodoeiro que em pouco tempo destruiu 4 milhões de hectares no Nordeste. Foi criado também núcleos de agricultores onde a cada 15 dias os produtores se reúnem para discutir estratégias e controle do bicudo do algodoeiro na região.
“ Muitas pessoas que estão hoje nas periferias das grandes cidades da Bahia são netos de agricultores que perderam tudo com a infestação de bicudo em suas lavouras, é preciso intensificar o monitoramento para que isso não ocorra novamente ”, esclareceu.
Para a Bióloga, Vanessa Santos, é preciso ter um controle biológico no cultivo da cultura. São diversos os casos de intoxicações, pondo em risco à saúde humana na ingestão de alimentos derivados do caroço do algodão, e o outro grande problema é a ocorrência de risco de exposição ocupacional para os operadores de pulverização. Nesta ocupação, podem ser observados sintomas como reações, respiratórias, câncer e outras reações sistêmicas.

Fotografia Saul Gabriel
De acordo com Vanessa, existem outros métodos viáveis para a redução dos inseticidas, entre eles estão: O Modelo orgânico que combate as pragas com insumos naturais e prevenção pela rotação da cultura, e o agroecológico cuidando da vida do solo com outros plantios aos redores da cultura para o manejo das pragas, otimizando a produção em conjunto com o desenvolvimento ecológico.
“ Os insumos agrícolas são os mais adequados para as aplicações nos campos de algodão, dado que são nulos os índices de agressão ao meio ambiente”, disse.
Vanessa ainda reforça a produção orgânica de algodão. ” Eu sou defensora dos orgânicos, sempre em busca do mais natural possível”, concluiu.
É notório o trabalho árduo da Abapa na busca incessante pelo desenvolvimento agropecuário, trazendo avanços tecnológicos na produção da cultura, assim gerando o crescimento das safras e mantendo o controle das pragas sempre com segurança.
Comentários
Enviar um comentário