Novo olhar sob a produção de algodão no Oeste baiano



Por Maira Tainá Andrade Passos

Uma simples pesquisa no Google e você descobre que a indústria do algodão é uma das que mais poluem o meio ambiente, com grandes impactos na água e no solo, já que demanda um alto uso de substâncias tóxicas. O que não é dito é que no Brasil, especificamente na Bahia, foram pensadas maneiras de reduzir esse problema, tornando a produção o mais sustentável possível.

A Associação Baiana dos Produtores de Algodão (ABAPA), membro da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA), é responsável por levar o Oeste Baiano a outro patamar, foi criada em 2000, com o propósito de dar visibilidade econômica, política e social aos produtores locais. Está localizada na cidade de Luís Eduardo Magalhães, no interior da Bahia, onde o clima de cerrado é ideal para a plantação. 











Júlio Busato, Presidente da ABAPA   
Foto ABAPA


De acordo com o atual presidente, Júlio Busato, quando chegou na cidade, em 1987, ela era um poço de gasolina, hoje em dia é o terceiro maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Bahia, a mudança ocorreu graças aos avanços obtidos através da cotonicultura.

Existem cinco pilares que sustentam o sucesso da associação, o primeiro deles é o Programa Fitossanitário, se encarregando do controle de pragas, como o bicudo-do-algodoeiro, o maior inimigo do algodão, a fiscalização é feita semanalmente através de inspeções e análise delas. O segundo está no Centro de Treinamento, no qual a função é preparar os funcionários, “ninguém faz nada sozinho”, afirmou Busato, só em 2018 mais de 10 mil pessoas foram treinadas.

O terceiro pilar é uma iniciativa privada, a Patrulha Mecanizada recupera estradas, de forma que há benefício tanto para os produtores, quanto a população que vive ao redor das plantações. O quarto é um orgulho não só para os cotonicultores, mas também para todos os brasileiros, o Centro de Análise de Fibras, que é referência em garantir a qualidade dos algodões, além de ser o maior da América Latina.

O quinto e último, mas não menos importante, pilar é a comunicação, é através dela que é possível saber o que acontece dentro da empresa, quem são, o que pensam e o que fazem. Segundo Lidervan Morais, diretor executivo, junto a esses cinco pontos, há 220 funcionários que dão vida ao negócio e fazem dar certo.

Com o conjunto desses esforços, houve um resultado fundamental para a atualidade tanto ao estado, quanto para o país, a ABAPA levou a Bahia ao lugar de segundo maior produtor de algodão do país, trazendo visibilidade, reconhecimento e orgulho ao maior estado do Nordeste.

Junto a este título vem preocupações e, por consequência, responsabilidades, as quais incluem os impactos ambientais. Tudo que envolve o agronegócio sempre é cercado por julgamentos e “endemonizado”, muitas vezes sem uma base científica, gerando as famosas fake news.

No Brasil, a legislação que abrange este âmbito é rigorosa e defende a conservação da natureza, por isso a atuação da ABAPA está diretamente ligada a sustentabilidade, portanto no Oeste Baiano há por volta de 331,2 mil hectares voltados para o algodão, nos quais 30,2% é destinado ao uso agropecuário, 3,5% às infraestruturas/outros e, sua maior parte, 66,3% é voltado para uma vegetação protegida e preservada.

Muitas vezes se confunde produção sustentável com orgânica, a grande diferença está justamente na forma em que é feita, o algodão orgânico é aquele que não utiliza defensivos agrícolas, tem um sistema único de manejo e tem uma certificação específica. Para Silmara Ferraresi, assessora da Presidência da ABRAPA, ter uma produção sustentável é motivo de orgulho para ABAPA. “O algodão sustentável respeita a legislação social, tem critérios de práticas ambientais para cumprir, tem compromisso com a questão econômica e com as pessoas que estão envolvidas no processo”, afirmou a assessora.

Os cotonicultores desta região não se contentam com a preservação e vão além do que é obrigatório, trazendo vantagens de cunho socioambiental, são elas: recuperação de nascentes, doação de sementes para pequenos agricultores, criação de uma fazenda modelo na cidade de Barreiras, para fins estudantis, doação de agasalhos, projeto que faz parte do Sou de Algodão (campanha que visa falar da importância da fibra natural) e gera renda para todos.

A cotonicultura gera três vezes mais empregos que as outras culturas, para Fábio Ricardi, produtor que detém cerca de 4.200 hectares, o lucro é o benefício que se gera para a sociedade, que se dá em decorrência da junção dos setores financeiro, econômico e político. “170 famílias são beneficiadas diretamente hoje em dia”, afirmou o produtor, e conclui afirmando que graças a estes bons resultados, o Brasil vai dar certo. 
















Campo de plantação da fazenda Savana do produtor Fábio Ricardi 
Foto ABAPA


O gerente de manutenção das plantações, Edson, se sente grato por fazer parte do avanço socioambiental e financeiro que a fibra natural em questão proporciona a população, ele conta que já trabalha ali por cerca de duas décadas e não tem pretensão de abandonar o cargo. “Há prosperidade para todo mundo, quem quiser vim de fora e investir na região Oeste, pode vim sem medo, que será bem gratificante”, declarou o gerente.

Talvez Edson não conheça diretamente os produtores e a presidência da associação, mas todos compartilham de uma mesma opinião, não há outro lugar como o qual eles se estabeleceram, são agraciados em cada detalhe. Desde o processo da plantação até o momento em que o algodão chega na casa dos consumidores, tudo é feito com o máximo de dedicação, a história da ABAPA e sua funcionabilidade são o exemplo de perseverança e sucesso que todos devem seguir.


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