Movimento “Sou de Algodão” investe no cenário da moda sustentável



Por: Luciana Santos da Cruz

Existem formas de aliar sustentabilidade e agronegócio? Há quem diga que não, entretanto, o autor dessa afirmação não conhece às boas práticas desenvolvidas pela Associação Baiana dos Produtores de Algodão (ABAPA). Criada desde 2000, com sede no município Luís Eduardo Magalhães, em Barreiras, a organização tem como principal objetivo representar toda a produção de algodão da Bahia, desempenhando papéis de fiscalização, rentabilidade e de crescimento social.
O cenário agrônomo é constantemente bombardeado pelas informações falsas e tendenciosas, principalmente quando se é mencionado sobre as questões ambientais. Mas será mesmo que essa atividade tão propicia não impulsiona as políticas de preservação? O Oeste Baiano é um potencial agrícola, responsável por 96% da produção de algodão, é a segunda maior do Brasil e exporta para mais de quinze países, como Indonésia e Índia, estando em 4º lugar como maior exportador de pluma do mundo.
Brasil é 4º maior exportador de pluma do Brasil 
Foto: Luciana Cruz
















Cerca de 34,2% do PIB está concentrado no estado, tornando o agente motivador do desenvolvimento econômico e da geração de emprego e renda, segundo dados da ABAPA. Mas, além de produzirem recursos financeiros para o mercado Brasileiro, tornando a plantação de algodão uma commodity, os produtores de algodão também agregam valores socioeconômicos e ambientais e desenvolvem condutas que conjuntam o tripé da sustentabilidade.
Moda sustentável é possível
O ramo algodoeiro é o que mais se destaca nessa atuação de projetos ecológicos. O uso da fibra natural da pluma de algodão é incentivado cada vez mais na indústria da moda através da Abrapa (Associação Brasileira de Produção de Algodão), 30% da produção nacional é composta por algodão sustentável por ter mais de 90% das plantações mantidas sem irrigação artificial, a água que é utilizada na cotonicultura é totalmente proveniente da chuva, garantido pela ABR (Algodão Brasileiro Responsável), dentre todos os países que produzem algodão o Brasil se destaca novamente nos índices de área irrigada, em comparação com um dos principais concorrentes como a China. 
Plantação de Algodão na Fazenda Savana, em Luís Eduardo Magalhães- BA 
Foto:Luciana Cruz
















O movimento “Sou de Algodão” surge com essa ideia de potencializar os princípios de uma economia têxtil que adotem valores da sustentabilidade, englobando o social, ambiental, e a distribuição de bens associada às necessidades humanas, sem prejudicar as futuras gerações. Consciente de que essa indústria faz parte de um ramo que consome aproximadamente 4% da captação de água doce, segundo o “Manual do Consumo Sustentável”, disponibilizado pelo Ministério da Educação e do Meio Ambiente, sendo responsável por consumir, aproximadamente, 93 trilhões de litros de água.
O movimento é encorajado nesse propósito de estimular o pensamento consciente de mais pessoas, e difundir o entendimento acerca da importância de utilizar peças provenientes de uma matéria-prima sustentável, ainda mais em um país, Brasil, que está na lista entre os cinco maiores produtores e consumidores têxteis do mundo, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT). 
Centro de análise de Fibra do Algodão da ABAPA   Foto:Luciana Cruz








Redes sociais como um impulsor do movimento “Sou de Algodão”
Entender o público – alvo é uma das peças chaves para o empreendimento de qualquer negócio, além da utilização certa das ferramentas de divulgação e a geração de conteúdo, é necessário desenvolver um plano de comunicação estratégico que gere uma identificação do produto e da rede de consumidores.
Nesse viés, a Assessora da Presidência da Abapa, Silmara Ferraresi, explica como o movimento ganhou força no mercado têxtil: “o público jovem é um dos principais consumidores desse produto, tornando os principais impulsionadores da marca e de uma cadeia sustentável, e são os que mais estão vigilantes com as questões ambientais e com as empresas que são sustentáveis. Através dessa definição de mercado, é desenvolvido projetos de marketing para atender a demanda desse grupo e divulgar nas redes sociais, local onde há concentração dos jovens, e alcançar outras parcerias”.
Percebendo também um consumidor muito mais crítico e atento as políticas de preservação das organizações, esse movimento se intensifica, pois é cobrado as práticas ecologicamente corretas desde a origem ao produto final, havendo investigação acerca das precedências da mercadoria e identificação do conceito proposto pelo movimento. Através desse reconhecimento com os valores apresentando pelo manifesto, figuras públicas e digitais influenciadores se tornam aliados na divulgação desse segmento.
Parceiros da moda pela água

“A moda do século XXI precisa espalhar a sustentabilidade no planeta”, é com esse slogan que a organização virtual, a plataforma “A moda pela Água”, estampa sua missão no mercado têxtil para alcança produtores, marcas e consumidores finais a adentrarem nesse manifesto, convidando a repensar e compartilhar ações que utilizem o recurso hídrico de modo responsável.

A sou de Algodão compartilhando desse mesmo objetivo, se tornou uma das parceiras da plataforma, nomeada de Guardiões da água, para desconstruir esse conceito de que a indústria da moda não está mudando o cenário e que não há ações de preservação hídrica, e que é possível manter uma relação entre cadeia produtiva consciente, responsável aliada a moda, e ambas serem as protagonistas da proposta. 


Comentários