Cotonicultura Do Oeste Baiano Investe Em Consumo Consciente



Por Jaciana Bianck Oliveira

Foto: Jaciana Bianck

Investir em produtos que visam o consumo consciente e o bom aproveitamento dos recursos naturais está ganhando, cada vez mais, espaço dentro do mercado.  As pessoas estão mudando seus hábitos e as empresas estão percebendo e tem modificado a forma estratégica de acesso ao público. Isso tem sido um grande diferencial.  Porém, a maioria delas e dos consumidores não sabem quais os produtos tem uma origem consciente e sustentável, apenas sabem que devem escolhe-los.

Em questão de vestuário, quem compra uma peça de algodão oriundo do Oeste Baiano, por exemplo, não sabe que quase 80% da safra atual foi certificada como sustentável. Tendo consciência disso e com o intuito de fazer uma integração de comunicação entre todos os programas que a Associação Brasileira de Produtores de Algodão (ABRAPA), foi criada a campanha Sou de Algodão que incentiva o uso do algodão para fortalecer o mercado da moda e para o bem-estar de brasileiros. Assim, criam parcerias com marcas e pessoas que acreditam em seus valores.

Investimento a longo prazo

As vantagens de usar uma roupa ou produto produzido por algodão são inúmeras. Em questão de vestuário, se leva em conta a leveza relacionada à espessura da fibra que compõe o tecido, pois o algodão tem de 12 a 20 microns de diâmetro. Só como comparação, um fio de cabelo fino tem de 100 a 150 microns.

São também mais frescas e secas, pois possuem as propriedades hidrofílicas do algodão. Isso significa que ele permite a rápida absorção da transpiração, deixando que a pele respire. Além disso, são mais confortáveis, flexíveis, duráveis e resistentes, evitando seu descarte precoce. Fatores que se tornam cruciais no memento da escolha.

Devido a isto, grandes marcas como Flavia Aranha, Reserva, Osklen, Brandili, Renner apoiam e investem em peças com no mínimo 70% algodão.















Foto: ABAPA

Além disso, a fibra é 100% utilizada, a sujeira ou resido vira ração animal, e quando são compostados servem como adubo, que vai novamente para a terra. Já o caroço serve para a fabricação do óleo de algodão e a pluma que o envolve ou linter, como é chamado, é usado na fabricação de pólvora, papel moeda, cotonete e algodão domiciliar. Ainda tem a fibrilha, utilizada para panos de prato e chão, coadores de café, flanelas e barbante. Por último e o mais importante e vendido são as plumas usadas nas roupas.

Empenho em todos os setores

Silmara Ferraresi assessora da presidência da ABRAPA diz que “a gente acredita que num futuro muito próximo, a questão não vai ser só comprar, a questão é viver a experiência”. Essa vivencia com o produto, vai muito além de só adquiri-lo, no caso dos que possuem a etiqueta da campanha, é também, investir e incentivar todo um trabalho que existe por trás.
Mas na maioria das vezes, os compradores finais não tem ideia do esforço existente antes do algodão se tornar uma roupa ou outro produto, e ir para o mercado.

A Associação Baiana dos Produtores de Algodão (ABAPA), se empenha em todos os setores para levar aos seus consumidores, uma fibra de alta qualidade, sustentável e que é tratada por profissionais preparados e qualificados.

Visando isto, a associação possui na cidade de Luís Eduardo Magalhaes um centro de treinamento, em que segundo a Assessora da Presidência da ABAPA Cristiane Barillie o local “É uma grande fábrica de treinamentos e capacitações”. Eles ainda mantem parcerias com instituições como o Serviço Nacional de Aprendizagem (SENAI) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), para que saia sempre uma mão de obra treinada, capacitada e pronta pra exercer plenamente sua função.

 Fábio Ricardi produtor da Fazenda Savana ainda reforça que lá o trabalhador tem a oportunidade “De criar um ritmo de vida saudável” e se desenvolver plenamente, pois tem acesso aos meios de comunicação, internet e leitura. 

Algodão Social

 A responsabilidade também existe em relação ao cunho social, o Presidente da ABAPA Júlio Cézar Busato ressaltou que eles investem em projetos de recuperação de nascentes, que já possuem 80 nascentes recuperadas. Constroem pontes e asfaltos para que a chegada até as áreas de produção seja segura e eficiente. Além disso, possuem a Fazenda Modelo Paulo Mizote, que é uma escola com aulas práticas e teóricas sobre produção agro. Possuem também campanhas como Algodão que aquece, que distribuem agasalhos para alunos de baixa renda e colaboram com a Fundação para o Desenvolvimento Integrado e Sustentável da Bahia (FUNDESIS), em que ajudam idosos, usuários de drogas e suas famílias, atendimentos médicos, entre outras ações voltadas para a comunidade carente.

 Sustentabilidade

O aspecto mais importante no momento de se optar por um produto feito de algodão e que esteja dentro da campanha, é a de ter certeza que ele é sustentável. A cotonicultura do oeste segue a legislação, destinando 20% das áreas de produção para preservação ambiental, e segundo Ferraresi 92% dessa safra foi irrigada com água da chuva. Até mesmo os plásticos que envolve os rolos de algodão são vendidos para empresas de reciclagem, ressalta Fernanda Zanotto socia da algodoeira Zanotto Cotton.

Foto: Jaciana Bianck
                                                   
A região ainda possui quase 80% da safra certificada pelo Algodão Brasileiro Responsável (ABR), certificação que contém mais de 200 itens de verificação. Todos esses fatores tornam o cultivo da fibra na região Oeste da Bahia importantíssima, pois a produção não interfere somente na economia, mas também na estrutura ambiental e social do país. Aspectos que vivem em crise e precisam sempre de ações que mudem o panorama da realidade brasileira.


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